USP DESENVOLVE NOVO PROTETOR SOLAR USANDO TERRAS RARAS
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) sintetizaram um novo filtro solar, que pode substituir com muito mais eficácia os filtros já utilizados que são produzidos a partir de óxidos de zinco e titânio.
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) sintetizaram um novo filtro solar, à base de fosfato de cério, que pode substituir com muito mais eficácia os filtros já utilizados que são produzidos a partir de óxidos de zinco e titânio.
A capacidade do cério de absorver a radiação ultravioleta, segundo os pesquisadores, já é conhecida pela comunidade científica – o óxido de cério já é utilizado em filtros solares que estão no mercado.
Já o fosfato de cério estudado pela equipe brasileira é menos fotocatalítico quando exposto à luz solar, aumentando a proteção.
“A pesquisa experimentou o uso de fosfato de cério como protetor solar e simplificou o processo de obtenção de suas nanopartículas por um processo mais simples”, conta Juliana Fonseca de Lima, uma das autoras do estudo.
Além disso, afirma a pesquisadora, foram realizados estudos de reflectância difusa, que mede a absorção dos raios ultravioleta (UV) pelo fosfato de cério, e de atividade fotocatalítica, que avalia as modificações físicas e químicas da matéria na presença de luz e oxigênio.
“Os resultados mostraram que o fosfato de cério apresenta alta absorção na região do UV e na avaliação do seu comportamento na presença de óleo, calor, fluxo de ar, presença de luz e agitação constatou-se que o óleo é menos degradado quando comparado aos óxidos de zinco e cério,” disse Juliana.
A cientista afirma que ficou evidenciada a maior eficácia do fosfato de cério na proteção solar, pois ele é menos fotocatalítico quando exposto à luz.
Segundo ela, até o momento, os óxidos de zinco e titânio têm sido usados como filtros UV inorgânicos. Entretanto, eles apresentam dois grandes inconvenientes.
O primeiro é que ambos manifestam elevada atividade fotocatalítica quando expostas à luz, que podem levar à fotodegradação do meio orgânico onde estão, como, por exemplo, nos cosméticos. Ou seja, eles facilitam a geração de espécies reativas que são responsáveis pela degradação do meio orgânico.
O segundo inconveniente é que esses óxidos foram otimizados para serem usados como pigmentos brancos – é por isso que eles apresentam elevado índice de reflectância difusa na região visível do espectro eletromagnético.
As primeiras formulações contendo fosfato de cério estão em fase de desenvolvimento com um laboratório químico do Rio de Janeiro.
Juliana explica que o cério é um elemento químico pertencente ao grupo dos Lantanídeos e foi descoberto por Mosander, em 1839. Seu nome é atribuído em homenagem ao asteroide Ceres.
“O cério é a terra rara (TR) mais abundante na crosta terrestre e os minerais monazita e bastanasita possuem maior quantidade de cério, 44% e 49,8%, respectivamente. O fosfato de cério é encontrado em abundância no Brasil, na praia da areia preta em Guarapari, no Espírito Santo,” explica.
Os compostos de cério são usados como componentes na fabricação de equipamentos de iluminação para a indústria cinematográfica, aplicações nucleares e metalúrgicas, catalisadores, fabricação de vidro, por exemplo.
“Os fosfatos de cério são de grande interesse devido ao seu alto ponto de fusão, baixa solubilidade e alta estabilidade química”, aponta Juliana.
Os pesquisadores comemoram o fato de a invenção poder ser utilizada em diversas formulações como loções, sprays, pomadas, géis, emulsões, e em produtos para cuidado dos cabelos como xampus, condicionadores, relaxadores, clareadores, desembaraçadores, gel modelador, gel fixador, espumas na forma de spray, cremes modeladores, mousses, preparações para tingimento dos cabelos, temporárias ou permanentes.
Também pode ser adotada em produtos para cuidados da pele como cremes de barbear, loções pós-barba, cremes, sabonetes líquidos, sabonetes em barra, e produtos para cuidados com as unhas, como esmaltes.
Fonte : Agência Brasil 17/6/2011